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Separadas por 2.000 km e 15 anos, dupla se uniu no vôlei de praia

Ágatha e Duda formam equipe com perfis e criações bastante diferentes, que estarão na Olimpíada em busca do pódio

 

A paixão pelo vôlei de praia e a infância brincando nas ruas de uma pequena cidade litorânea são duas das poucas semelhanças entre Ágatha Bednarczuk Rippel, 36, e Eduarda Santos Lisboa, 21, dupla brasileira candidata a conquistar uma medalha nos Jogos Olímpicos de Tóquio, neste ano.

Além dos 15 anos de diferença, as duas cresceram em cidades separadas por mais de 2.000 km de distância. A paranaense Ágatha foi criada em Paranaguá, e a sergipana Duda, em São Cristóvão.
“Acho que, se olhar para as duas, tem mais diferenças que igualdades”, diz Ágatha à reportagem.

Uma se surpreende com a palavra jacó, usada no nordeste brasileiro para descrever o pão francês. Outra, com o termo “Qboa”, nome de marca de água sanitária largamente usada no sul e que para muitos passou a designar o produto.

Além da fala, o cardápio delas também carrega marcas dos diferentes locais onde viveram. A mais velha herdou o gosto por pizza dos tempos em que morou em São Paulo, mas não é muito fã de doces, comida preferida da mais nova durante as férias.
A dupla brinca que, quando começam a lembrar o passado, falam a respeito de dois países diferentes.

“No primeiro ano do time [2017], eu e minha equipe passamos uma semana na casa da Duda lá em cima [no Nordeste]. Eu pude ver onde ela morou, como foi a infância, comi macaxeira, tapioca, suco de maracujá que a avó dela fazia com um quilo de açúcar…”, lembra Ágatha. Acostumada a um café da manhã mais simples, a paranaense se surpreendeu com o cardápio vasto logo pela manhã, quase um almoço.

As duas resolveram se encontrar no meio do caminho, no Rio de Janeiro, onde treinam há três anos. Já no primeiro torneio em parceria, a etapa de João Pessoa do circuito brasileiro de vôlei de praia, em janeiro de 2017, saíram com o título.

De lá para cá, a dupla foi campeã do circuito mundial em 2018 e do World Tour Finals de Hamburgo, no mesmo ano. No ano passado, elas terminaram como terceira melhor parceria do ranking internacional, e Duda foi escolhida pela segunda vez seguida a melhor jogadora do mundo na temporada.

No dia a dia de competições, o convívio entre elas é intenso. De personalidades opostas em praticamente tudo, elas afirmam que isso não as impede de se darem bem.

“A Duda é quietinha, fica mais no mundo dela. Gosta de aprender bastante coisa, às vezes entra em uns períodos em que resolve ler livros, lê dez em duas semanas e aí desiste. No período da meditação, medita todo dia. Depois também desiste”, conta a paranaense.

Sempre que pode, a sergipana tenta entrar em contato com algo novo. Já fez curso de culinária, oferecido por uma amiga de Ágatha, e tentou cursar letras à distância, mas o calendário puxado impediu que ela levasse a faculdade até o final.

A parceira também tentou uma graduação, no caso dela jornalismo, e conseguiu levar por um ano e meio, mas apenas porque não participava do circuito mundial na época.

“Ágatha é mais alegre, gosta de povão, de conversar com as pessoas, ama comprar roupa, não gosta de ficar parada, diz que dormir é perda de tempo”, afirma Duda, discordando do último item. “Dormir é top!”.

Medalhista de prata na Olimpíada do Rio ao lado de Bárbara Seixas, a mais experiente diz que tenta desempenhar com a estreante em Jogos o papel que viu ser executado com ela por Sandra Pires, campeã olímpica em Atlanta-1996 e sua dupla em 2005.

A parceria entre elas durou apenas um ano, bem diferente da que cultiva agora com a sergipana, que já entra em seu quarto ano. Ela vê na companheira de time vigor e potencial físico singulares, elementos que trata com cuidados especiais para buscar sua segunda medalha olímpica.

“Hoje me vejo no meu melhor potencial físico, só que, para estar nesse melhor potencial, tenho que fazer um período de recuperação muito maior do que eu fazia antes. Estou numa ascendência ainda, mas preciso me recuperar muito mais do que a Duda”, finaliza.

 

Fonte: Portal Super.fc

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